Crise hídrica? Saiba o que pode ser feito para evitá-la

Estaríamos entrando em mais um período de crise hídrica, como o cenário do ano de 2014?

Recentemente, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), empresa brasileira que detém a concessão dos serviços públicos de saneamento básico no Estado, anunciou que o Sistema Cantareira encontra-se em estado de alerta, registrando mais uma queda no seu nível de água.

No mês de Agosto de 2018, o total de chuvas que caíram sobre o Sistema Cantareira foi acima da média histórica (de 73,3 milímetros). Apesar da boa notícia, o volume médio de água que entra no reservatório é menor do que a retirada média de água feita pela Sabesp.

A Somar Meteorologia disponibiliza todos os dias informações sobre os níveis dos reservatórios do Estado de São Paulo. Acesse aqui e acompanhe o volume armazenado e a pluviometria diária no Sistema Cantareira.

Situação hídrica no Brasil

O Brasil possui mais de um décimo de toda a água doce do Planeta. De forma geral, chove-se entre mil e 3 mil milímetros por ano, em 90% do território nacional, com exceção do semi-árido nordestino.

O enorme volume de chuvas que cai sobre o Brasil alimenta um dos maiores conjuntos hidrográficos do mundo: na Amazônia, encontra-se a maior bacia hidrográfica do mundo, no Pantanal, uma das maiores áreas úmidas do globo e o Aquífero Guarani, o segundo maior reservatório de água doce subterrânea.

Nesse sentido, à primeira vista pode parecer que o país não enfrenta crises hídricas. Todavia, a distribuição dessas águas por nosso território é muito irregular. De modo geral, a disponibilidade hídrica e a demanda por recursos hídricos estão em locais diferentes.

Crise Hídrica em São Paulo

A região Sudeste se destaca por ser a região com o maior consumo médio de água per capita do país (194 litros diários por habitante), sendo recomendado pela ONU uma média de 110 litros por dia.

As regiões mais urbanizadas e populosas do país são aquelas que mais sofrem com o abastecimento de água. Além das dificuldades impostas pelos fatores geográficos, observa-se nos últimos anos um aumento das alterações no regime de chuvas, processo atribuído aos impactos na paisagem, ocasionados pela ocupação desordenada das cidades. Um exemplo disso foi a crise hídrica dos últimos anos, que ocorreu em diversas capitais de nosso país, especialmente em São Paulo.

A diminuição diária no volume de água não se deve apenas ao ciclo mais seco referente ao período de inverno, mas também ao aumento populacional da Região Metropolitana de São Paulo.

De acordo com os dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município de São Paulo conta com uma população de mais de 12 milhões de habitantes, cerca de seis vezes mais do que foi registrado nas décadas de 1950 e 1960, período onde foram construídos os reservatórios de água da região.

Segundo o cientista da Universidade de São Paulo, Paulo Tércio Ambrizzi, em entrevista para a Rádio Brasil Atual: “Não podemos culpar só São Pedro, os reservatórios que estão aí foram construídos na década de 50 e 60. Aumentou a população e continuamos com o mesmo número de reservatório, isso já não é suficiente. Se não chove, você entra em uma crise, porque você não tem água para abastecer a todos”.

Mudanças Climáticas e a Insegurança Hídrica

Para piorar, as mudanças climáticas acirram o problema da escassez hídrica, pois aumentam a frequência de eventos climáticos severos, tais como estiagem, inundações e chuvas extremas.

Segundo o Relatório de 2014 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), os países tropicais serão aqueles mais afetados pelas mudanças do clima, podendo ocorrer uma série de inundações, aumento de enchentes, bem como longos períodos de estiagem.

Nesse sentido, observam-se impactos no abastecimento de água, resultando em um cenário de redução dos recursos hídricos e incerteza de disponibilidade de abastecimento de água segura.

Deficiências na gestão da água

O cenário de insegurança hídrica do município de São Paulo se deve não somente pelos impactos da instabilidade climática, mas também por uma série de falhas na gestão da água.

De acordo com especialistas, o governo vem traçando estratégias e projetos para se evitar as crises no abastecimento de água. No entanto, é urgente e necessário adotar uma visão sistêmica e integrada para lidar com a complexidade do tema, bem como adotar medidas de despoluição dos cursos d’água, redução das perdas de água no caminho entre a represa e os consumidores e políticas de reutilização dos recursos hídricos.

O que pode ser feito para evitar nova crise hídrica?

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as nações devem assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos.

De maneira geral, estabeleceu uma série de metas até o ano de 2030, tais como: alcançar o acesso universal e equitativo a água potável e segura para todos; garantir o acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos; melhorar a qualidade da água; aumentar substancialmente a eficiência do uso da água em todos os setores; implementar a gestão integrada dos recursos hídricos em todos os níveis, bem como proteger e restaurar ecossistemas relacionados com a água.

Para mudarmos o atual cenário de insegurança hídrica, é necessário adotarmos medidas urgentes que contribuirão positivamente para a gestão da água onde vivemos. Listamos a seguir algumas ações:

1. Realize a substituição de equipamentos hidráulicos de consumo excessivo, tais como duchas, torneiras e descargas, por itens mais modernos e com restrição de vazão;

2. Adote ações de combate a vazamentos: peça a ajuda de um profissional e faça uma vistoria em sua casa;

3. Reduza o consumo e aperfeiçoe o reuso de água tratada;

4. Invista em tecnologias sustentáveis, tais como sistemas alternativos de captação e armazenamento de água de chuva (para saber mais sobre este assunto, acesse nossa página Downloads e Serviços);

5. Identifique as principais atividades e hábitos que te fazem consumir mais água e conscientize-se sobre os seus impactos;

6. A partir de uma abordagem sistêmica, realize o manejo integrado da água em sua propriedade, integrando os ciclos locais aos mais amplos;

7. Utilize os princípios da Permacultura e projete um design sustentável para sua habitação, incluindo o gerenciamento integrado dos recursos hídricos, modelados a partir de ecossistemas naturais;

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